sábado, 9 de junho de 2012

Tesouros....




Ele disse que tinha a chave.
ela não acreditou, achou que era “esmola demais” e como 
boa cega que era, desconfiou.
Ele permaneceu seguro de si.
ela ficou curiosa, quis pagar pra ver.
Ele botou preço.
ela iniciante, achou o preço alto demais, tinha pouco guardado pra dar; tudo bruto, nada lapidado. 
Como dar o que não se tem? Pensava ela.
Ele dizia: todo o tudo dado com confiança, alegria e 
sinceridade é muito, mesmo que seja pouco.
ela foi dando, moedinha após moedinha.
Ele foi recebendo.
ela foi se alegrando e quanto mais sua miséria ofertava a Ele, mais plenitude alcançava.
Ele aceitou de bom grado, observando-a, mostrou-lhe a chave.
ela plena teve medo, é uma chave para as trevas, pensou.
Uma chave para a luz, a tua luz, disse Ele.
ela pediu para segurar a chave na mão.
Ele deixou, cuidadoso.
ela, criança descuidada e cada dia mais confiante, 
brincava com a chave.
Ele a observava e tecia anotações secretas, sério.
ela aproximou a chave da fechadura, encaixou-a e sua plenitude aumentou a ponto de se esquecer do cuidado que deveria ter para com Ele e para com a chave Dele e feliz e inadvertidamente alegre corria nos campos do seu SENHOR.
Ele importunado com o barulho que ela fazia tentou alertá-la.
ela não percebeu, emocionada com suas pequenas descobertas, só via a si mesma de modo mesquinho, egoísta, vil.
Ele então deu um passo para trás.
ela não se deu conta do ato.
Ele sem retirar os olhos dela, percebeu que ela movimentava 
a chave na fechadura, reticente.
ela, torcendo a chave na fechadura, correu na direção Dele, 
qual criança estabanada que mal aprendeu a andar.
Ele decepcionado recuou, não a queria assim, estabanada, descuidada.
ela abriu o baú.
Ele virou-lhe as costas.
ela estendeu em suas mãos os tesouros guardados: 
desejo, entrega, obediência, submissão.
Ele foi embora.
ela chorou.


….............


Ela de posse dos tesouros, pouco a pouco, tomou 
consciência de si.
Ele não viu.
ela rastejou até Ele, certa de sua sujidade e inadequação.
Ele olhou para outras pastagens, mais verdejantes.
ela abnegada se ofereceu, se prostrou a seus pés, implorou lavando o chão que Ele pisa com seu sal.
Ele não se comoveu.
Então ela que se sabia incapaz de ser de qualquer outro além Dele, colocou aos pés Deste os seus tesouros, o baú aberto 
e a chave…
E até hoje ela em silêncio, invisível, prostrada ao lado do assento Dele vazio, cão fiel guardando sua morada, espera por um olhar; vigia e ora esperando que Ele volte.
ela se chama apenas submissa.
Ele DOMINADOR.
ela, sou eu hoje.
Ele… é o meu SENHOR.

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