" Entregas-me o teu corpo, na penumbra da Noite.
Deixo a racionalidade abandonar-me
e entrego-te o espírito que conduzes
num instante de inspiração.
A tela, nua, como o teu corpo, espera
o toque do carvão, como tu,
inerte sobre a cama, esperas por mim.
Os teus contornos conduzem a minha mão,
dando-te vida sobre a imaculada brancura das fibras.
A luz, suave que se espalha por todos os cantos
deste quarto isolado do mundo,
realça as curvas ternas que a
tua pele descreve sobre o ar.
Os dedos, sedentos do teu corpo,
não resistem a sentir o desenho,
e recriam as sombras que a luminosidade
encontra ao adormecer sobre os teus braços.
Nasces, ali, perante os meus olhos,
vidrados pela inspiração que me aportas,
em um instante de magia, empatia
e cumplicidade entre a tua alma e a minha. "