sexta-feira, 6 de abril de 2012

Suave tristeza da submissão ...



A Submissão quando floresce, apresenta uma beleza 
de suave tristeza e doce acolhimento, como a nos consolar, convidando-nos para deflorá-la sem escrúpulos ou piedade. Aparece como uma brisa cálida que excita as emoções, 
com sua suave tristeza desfilam em ruas e becos exalando 
um perfume de lotos em flor, mais do que meu olfato 
desperta os meus olhares e as minhas memórias.

Seu choro contido é a música mais doce do mundo. Adoro 
as notas musicais da garganta engasgada pelo pranto 
sufocado em razão das feridas deixadas em suas sensações
 pelo meu sadismo que ardem, mas não infectam. Delas jorram melancolia, alucinações e dor em vez de sangue. Quando 
em meu paciente oficio de sacerdote do sadismo sigo a 
liturgia de um ritual pervertido e perversor no altar da 
lasciva que desenvolve lentamente sorvendo a essência da oferenda que se abandona em sacrifício suavemente triste 
em absoluta submissão e quando toda celebração termina, 
tudo se acalma de novo dentro de mim. Então vou para o 
trabalho, vou para o cotidiano e não penso mais nisso. 
Não tenho remorsos, apenas fico saciado de prazer e vivo 
as delicias do paladar adocicado da alma submissa que 
se deu em oferenda no altar do meu sadismo.

A Submissão tem uma tristeza simpática, doce, atraente 
e sedutora. Nunca descobrirei a causa de esta suave tristeza 
ser tão deliciosamente atraente, mas decide que nunca 
hei-de investigá-la. Não desejo saber tudo. Desconfio que 
seja por eu ser, por natureza, o oposto de curioso. Sinto-me perfeitamente feliz deixando esse mistério como mais um ingrediente encantador da natureza submissa. A tristeza da submissa é tão terrivelmente pura e autosatisfeita que se 
ofende quando alguém tenta passá-la à frente. Castiga 
quem se aproxima com a intenção de interpretá-la e 
desvende-la. O nosso desejo é sempre mais forte quando 
não sabemos tudo, fica sempre o convite para ir mais alem. 
A submissão me encontra onde quer que seja, eu apenas 
a espero. Deixo-a acariciar-me. Como devo dizer? A 
tristeza suave da submissa é um choro melodioso, uma 
evocação ao meu sadismo.

( Um texto de Dom Resende )

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