domingo, 13 de maio de 2012

Ainda no princípio



Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,

Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que eu quero ver.


Peço-Te que sejas o presente.

Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado. 

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio.


(Sophia de Mello Breyner Andresen)

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